Fome e Sede

Em meio às feridas e cicatrizes,
rasgavam nas bocas dos infelizes
sorrisos roubados com desespero.
Os olhos molhados soltavam gotas,
calando a saudade de imagens rotas,
que ali conservavam com tanto esmero.

Os corpos largados junto à parede,
às vezes gemendo de fome e sede,
os olhos caídos, sem força ou fé,
buscavam imagens em meio à treva,
imagens que vão-se, que o tempo leva,
que nunca, jamais, se porão de pé…

Quem dera não fossem tão informados,
tão vivos, perfeitos, tão bem amados!
Talvez não tivessem que lamentar-se…
Mas amam-se os tolos e inteligentes,
à margem dos corpos, além das mentes,
com fome de sexo e sede de amar-se!