Minha herança

A todos os que eventualmente tenham direito ao que em vida me pertenceu deixo, acrescida da valorização que me foi permitida, a herança que me foi deixada por meus pais: senso cívico, respeito, valores morais, amor pela música e pelas ferramentas que me ajudaram a conservar minha sanidade neste mundo de atribulações.

Almafuerte

O poema ao lado é assinado por Almafuerte, na verdade o poeta argentino Pedro Bonifacio Palacios. Nasceu em um subúrbio de Buenos Aires em 13 de maio de 1854. Perdeu a mãe para uma doença e foi abandonado pelo pai, tendo sido criado por parentes. A primeira inclinação de Almafuerte foi para a pintura, mas, tendo negado pelo governo um pedido de viagem para a Europa, mudou seu direcionamento para a escrita e para o trabalho como professor. Ainda no final da vida, o governo lhe concedeu uma pensão para que pudesse se dedicar mais à sua poesia, mas sua saúde já estava deteriorada e a morte se aproximava. Morreu em 28 de fevereiro de 1917, em La Plata, aos 63 anos de idade.

ENCONTRO

Como se nunca houvesse estado ausente,
como se fosse um fato permanente,
nada me disse, nem eu disse a ela.
E no silêncio que nasceu do espanto,
jamais alguém a ela disse tanto,
nem tanto ouvi de outra mulher tão bela.

04/09/1981

SER ADVERBIAL

Indubitavelmente, certo.
Inconscientemente, louco.
Encarecidamente, perto,
Constrangedoramente, pouco.

Inexplicavelmente, quieto,
tão prematuramente torto…
Incontestavelmente, reto,
Indiscutivelmente morto.

08/03/1982

FESTIVAIS

A década de oitenta foi marcada por grandes festivais de música. O FEMPO – Festival da Música Popular de Jacareí foi um dos mais constantes, e lá estive em seis edições, participando também de festivais em São José dos Campos, Taubaté e Mogi das Cruzes (este último, em 2003, foi minha despedida dos palcos.