Quando me inscrevi na Workana, tive o cuidado de ler tudo. Pouca gente faz isso, a maioria tem preguiça de ler. Sabia quais eram as condições para participar, principalmente no plano gratuito que escolhi. Estaria sujeito ao envio de no máximo 9 propostas por semana, e para ter direito a mais envios, precisaria escolher um dos planos pagos ou fazer um depósito “caução” para que os serviços ou limites extras fossem cobrados automaticamente.
Como profissional, pude publicar meu perfil, porém, não teria como identificar os autores dos projetos apresentados para manifestação dos candidatos a atendê-los. Seus nomes aparecem camuflados, como Ma*******va, por exemplo. Em tese, os projetos deveriam ter todas as especificações para tornar possível uma avaliação segura que permita precificá-lo, e o site cobra 15% de comissão sobre o preço solicitado pelo profissional contratado. Ou seja, se meu preço para um determinado trabalho for R$ 1.000,00, o site exibirá para o dono do projeto o preço final, acrescido da mordida de R$ 150,00.
Convenhamos, 15% é um percentual alto para quem não tem trabalho algum. Das duas, uma: ou isso inflaciona os preços de mercado, ou impõe sacrifícios aos profissionais.
Nada pode ser tratado por fora entre as partes. O site deixa claro que poderá punir os infratores dessa regra. Não se pode fornecer dados de contato, identificação pessoal ou sugerir a negociação das condições de pagamento. Quem faz as regras e manda no jogo é o site, exclusivamente, e a regras permitem apenas a troca de mensagens escritas, também via site e submetidas a moderação. Se algum trecho da mensagem expuser o Workana a qualquer risco de não morder seus 15%, ela toda será apagada antes de alcançar o destinatário.
Ainda motivado, enviei várias propostas nas primeiras semanas, e percebi que não era escolhido. Ora, por que?! Houve projetos que resultaram na contratação de profissionais que cobravam bem mais que eu, outros cujos preços certamente haviam sido definidos por quem quer apenas completar a mesada dada pelo papai. Aviltantes!
Concluí que estava competindo numa arena onde havia de leões a minhocas, e todos eram perigosos. Os “sobrinhos” são ágeis para descobrir oportunidades assim, um verdadeiro paraíso já que vão disputar trabalhos oferecidos a profissionais de verdade. Isso me aborreceu um pouco, pois também afeta negativamente o mercado, equiparando amadores e profissionais experientes. Entretanto, ainda não respondia minha inquieta dúvida: por que nenhuma das minhas propostas havia sido escolhida ou, no mínimo, por que ninguém quis questionar alguma coisa sobre elas já que em alguns casos coloquei preços baixíssimos?
Na semana passada, meu desejo de conquistar o primeiro cliente através do Workana era tão grande que não percebi que havia chegado ao limite de nove propostas. Ao tentar enviar a décima – para um projeto que me pareceu muito bom –, surgiu a mensagem sugerindo que eu escolhesse um dos planos pagos ou fizesse um depósito de R$ 26,00. Decidi, então, fazer o depósito. Ocorre que as opções para pagamento são todas definidas fora do Brasil, portanto, em dólar. O PayPal é uma delas. Foi a que escolhi porque garantia que o crédito seria considerado imediatamente.
Embora o recibo me tenha sido enviado por e-mail, o valor não foi creditado na minha conta do site.
Conforme o recibo acima, o pagamento efetuado no dia 15 de janeiro foi de US$ 9.83, calculado com base no câmbio daquela data.
Dias depois, enviei uma mensagem ao Workana via Facebook. O site não facilita os contatos. A resposta, assinada por Jéssica Guson, foi a seguinte:
O pagamento feito foi referente ao valor de 25,76 reais, o valor necessário para obter mais propostas é de 26 reais, por isso as mesmas ainda não apareceram.”
Pois bem, hoje, passados cinco dias, tentei fazer um pagamento suplementar. O site não aceita. O valor mínimo para depósito é de R$ 26,00, por isso foi exibida a quantia de US$ 9.93 a ser depositada (também com base no câmbio atual).
A pergunta que faço é: o que é que eu tenho a ver com tudo isso?!
Quem define o valor em dólar é o Workana, que só aceita pagamentos em moeda estrangeira.
Muito bem, restava-me a alternativa de cancelar o pagamento já que o desconto é feito por cartão de crédito. E foi isso que tentei fazer. Todavia, tive outra decepção encontrando meu extrato deste jeito:
Com a transferência concluída, não é mais possível solicitar o cancelamento da transação, o dinheiro já está na conta do “favorecido”. É necessário entrar em contato direto com o recebedor e negociar a devolução.
A essa altura, se o dólar se mantiver estável (você crê nisso?!) até o dia 20 de fevereiro, será lançado um débito de R$ 25,99 mais IOF na minha fatura, o que deve chegar a uns R$ 28,00 no mínimo. Apesar disso, ainda não poderei enviar mais do que nove propostas por semana no site Workana (ou seria SAkana?). É dinheiro perdido, ou melhor, roubado com amparo legal, já que foi resultante de uma ação espontânea.
Mas, afinal, por que minhas propostas não são aceitas?
Descobri que o site classifica os profissionais com estrelas. Isso é feito com votos dos contratantes, mas, acima de tudo, de acordo com quanto cada um gasta no site com a contratação de planos e depósitos extras. Quem gasta mais conquista rapidamente cinco estrelas e aparece em destaque. Os “desestrelados” ficam no fim da fila, que não é pequena. Isto explica por que propostas de valor mais elevado são preferidas, em detrimento das minhas.
Enfim, paguei por uma lição: não devo confiar em sites como o Workana.
Repasso de graça esse aprendizado aos leitores deste blog.