Somos todos responsáveis9 minutos de leitura

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No próximo mês estaremos a um ano das próximas eleições municipais. Graças ao aumento da remuneração dos vereadores, a quantidade de candidatos deve ser ainda maior que na última eleição, todos querendo conquistar a tranquilidade financeira em troca do compromisso mínimo de comparecerem a quatro sessões mensais. De nenhum deles será exigida a capacitação necessária para o exercício da função, nem tampouco uma noção – ainda que básica – das leis, ou sua submissão a um processo seletivo que garanta que saibam o que terão que fazer durante os quatro anos que passarão lá. Cada um dos 15 eleitos receberá nesse período a soma de R$ 720.000,00, fora os acordos que poderão ser costurados por fora. Somam-se a essa quantia as despesas de consumo e manutenção, incluindo contas de água, energia elétrica, telefone, locomoção, cópias e muitas outras, o que poderá chegar a quinze milhões de reais de custos diretos, ou até mais, sem nenhuma garantia de retorno à cidade ou aos munícipes.

E não para por aí. Vêm com eles os assessores, assim como virão na prefeitura os ocupantes dos “cargos de confiança”, destinados aos papagaios de pirata e amigos que bajularam o candidato vencedor durante toda a sua campanha, talvez regada com cerveja e churrasco para comprar sua fidelidade. Nada que ajude a cidade.

O bolo é o mesmo, só as moscas são mudadas

Os prefeitos terão sempre o mesmo discurso: “a cidade não tem arrecadação suficiente para fazer tudo que é necessário“.

De acordo com o Portal da Transparência, Santa Isabel recebeu entre 2019 e 2023 a soma de pouco mais de 244,6 milhões de reais em recursos transferidos, devolvendo em benefícios para os cidadãos quase 184 milhões de reais entre Auxílio Brasil, Auxílio Emergencial (COVID-19), novo Bolsa Família e BPC (Benefício de Prestação Continuada), como mostra o gráfico abaixo:

Estes números não incluem impostos, taxas, tarifas, emolumentos, multas municipais, juros de dívida ativa e outras formas de arrecadação.

O esquema… ops! A política é a mesma: nada é feito nos dois primeiros anos de mandato, exceto festinhas, apresentação de orquestra mirim, exposições bancadas pela iniciativa privada, decoração improvisada no carnaval e no Natal.

A partir da metade do terceiro ano começam a surgir “obras” com a promessa de melhorar a cidade, que seguem até o mês de abril ou, no máximo, maio do ano de eleições, que é quando começa o período eleitoral. Daí em diante passa a ser proibido fazer qualquer coisa que possa ser usada na campanha. Tudo é mostrado como ação da Administração Municipal, nada que pareça ser realizado pelas secretarias, com raras exceções, entre as quais sobressaem-se – por força das circunstâncias ou empenho pessoal de alguns – a Defesa Civil, a Secretaria de Cultura (com fraquíssimas realizações) e a Secretaria de Serviços Municipais.

A prometida e famigerada Guarda Municipal é lembrada somente durante os comícios.

Falta vontade de fazer

Vez ou outra surgem postagens nas redes sociais com fotos e vídeos de sorrisos ensaiados para fingir preocupação e simpatia para com a população, ou textos que tentam estimular o impossível, como plantar árvores nas calçadas, insuficientes até para os pedestres, sem nenhuma ideia nova ou solução efetiva.

Pequenas iniciativas de baixo custo poderiam animar os eleitores e mostrar um mínimo de esforço para justificar o desperdício de dinheiro em coisas que não são de interesse coletivo. Criar o caos recapeando quase todas as ruas ao mesmo tempo não é uma delas.

Vegetação

Numa cidade onde as calçadas têm um metro de largura, com postes de iluminação de um dos lados, a escolha do que plantar deve ser muito cuidadosa. Mesmo as árvores mais recomendadas por especialistas costumam produzir copas frondosas que, mesmo quando baixas, podem atrapalhar o trânsito de pedestres. Uma boa alternativa pode ser a criação de pérgolas, onde for possível, e o plantio de trepadeiras. As trepadeiras costumam ter caules mais finos, ocupando pouco espaço no solo, e espalham suas folhas e flores por onde encontram apoio, sem se exceder na altura. Essa opção não seria contínua, amparando-se apenas nos imóveis que a permitem.

Parklets e áreas de descanso

Parklets são áreas contíguas às calçadas, onde são construídas estruturas a fim de criar espaços de lazer e convívio em lugar de vagas de estacionamento de carros. Porém, áreas de descanso semelhantes aos parklets também podem ser construídas com materiais de baixo custo – como pallets – em praças, ilhas ou calçadas mais amplas, criando ambientes acolhedores. A dificuldade em adotá-los em nossa cidade é a limitação das vagas de estacionamento nas ruas centrais, onde o movimento é maior, além do comodismo dos comerciantes e seus colaboradores.

Estacionamento

Há propostas para alteração das vagas de estacionamento de veículos na região central da cidade. Uma delas seria criar vagas em 45 graus. Segundo o professor David Percy da Universidade de Salford, na Inglaterra, a maioria das vagas foi planejada erroneamente, com espaços posicionados em ângulos de 90 graus em relação às faixas de acesso ou paralelamente às calçadas. Ele afirma que se elas forem posicionadas em ângulos de 45 graus, os carros conseguirão entrar e sair de forma mais fácil e rápida, e os designers conseguirão criar mais vagas de estacionamento. Isto não seria um grande problema em Santa Isabel, pois os motoristas costumam trafegar pelo meio das vias de circulação, inclusive das mais largas. Só incomodaria os que têm o hábito de parar o trânsito para conversar com conhecidos ou esperar seus filhos na saída das escolas.

Os estacionamentos oblíquos devem ser demarcados com 2,30m de largura por 5,00m de comprimento. Para manobra, é preciso cerca de 3,50m de largura da via, desconsiderando o tráfego no sentido contrário. Seria mais correto do que manter as vagas paralelas às calçadas do lado esquerdo das ruas, obrigando o “carona” a descer no meio do trânsito. Todavia, para tanto é necessário que o leito carroçável tenha pelo menos 8,5 metros de largura, o que não é muito comum em nossa cidade.

Entre as vagas ainda seria possível criar cachepots (ou cachepôs) para abrigar arbustos, o que contribuiria para amenizar a temperatura e gerar mais oxigênio.

Falta uma normatização – ou fiscalização – do trânsito de bicicletas que é feito ao bel prazer dos ciclistas.

Postes com fiação subterrânea

Este, sem dúvida, seria o maior desafio da cidade no sentido de melhorar sua estética, em vista dos custos, especialmente depois do recente recapeamento do asfalto das ruas centrais, da reforma das calçadas e do uso dos postes pelos provedores de internet e TV a cabo, o que, de acordo com a Elektro, é indevido. Porém, da forma como são conservados (ou não), os cabos de transmissão, além de feios e desorganizados, podem oferecer perigo e outros inconvenientes para os ocupantes dos imóveis e transeuntes.

Integração e maturidade social

Esta é uma mudança que independe da prefeitura e de qualquer outro órgão público. Cabe somente aos munícipes e pode ter um efeito surpreendente. A união das pessoas e, torno de uma causa comum lhes dá representatividade e permite estabelecer o que é prioritário no sentido de melhorar o bairro onde moram e apresentar suas reivindicações de maneira formal às entidades responsáveis. É preciso ter em mente que uma associação de moradores não deve ser um trampolim para uma disputa política.

Colocando o Ego o os interesses pessoais de lado

A rua onde moramos é uma extensão de nossas casas, requer cuidados de quem a utiliza diariamente, porque precisamos dela segura e agradável para nela circular com tranquilidade. Isso implica a conservação das vias e calçadas, a sinalização, o aspecto dos imóveis, a iluminação pública, os serviços essenciais, o policiamento, o escoamento das águas pluviais e de esgoto, o abastecimento de água potável e energia elétrica, enfim, de todo o complexo que resulta em boa qualidade de vida. Isso é de interesse coletivo e obrigação do Município, e não deve servir de argumento para eleger candidatos a cargos que nos custam caro.

E a nossa rua não é a única. Há também as demais que a circundam ou lhe dão continuidade em nossos trajetos diários. Portanto, nosso bairro carece da mesma atenção, assim como outros bairros que se juntam a ele. Logo, concluímos que a cidade toda tem a mesma importância e se compõe como uma grande extensão de nossos lares, tornando-nos corresponsáveis por toda ela.

Os políticos estão lá para serem cobrados, pois têm condições de intervir em esferas mais altas quando necessário. Eles ganham mais do que o suficiente para fazerem muito mais do que apresentar moções ou homenagear personalidades. Foram eleitos para nos representar, estão lá para mostrar serviço, não para serem adulados.

EM TEMPO: ainda que possam ser cobrados, corremos o risco de escolher mal aqueles que, em tese, deverão nos representar. Por isso, avaliemos com muita cautela a quem daremos nossos votos.

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