Numa semana que já teria apenas quatro dias úteis devido ao feriado de 7 de setembro, algumas empresas brasileiras aderem ao teste da redução dos dias de trabalho, seguindo uma tendência que vem ganhando força em países onde a cultura e o senso de responsabilidade são muito diferentes dos costumes brasileiros. Austrália, Bélgica, Reino Unido, Espanha, Nova Zelândia, Islândia, Suécia, Japão, Canadá, Estados Unidos e, mais recentemente, Portugal são alguns deles. A França vai além e experimenta a jornada de 35 horas semanais.
O argumento da ONG que coordena o projeto é que com menos estresse os trabalhadores terão mais tempo para desenvolver sua criatividade e, consequentemente, serão mais produtivos, realizando o mesmo trabalho em menos tempo. Há diferentes propostas nas iniciativas de países que já experimentaram a redução da jornada. Uma delas é a manutenção da carga de 40 horas semanais distribuída em quatro dias com dez horas diárias de trabalho; uma outra segue o princípio 100-80-100, isto é, 100% do trabalho realizado em 80% do tempo e com 100% da remuneração.
A notícia está sendo amplamente divulgada pela mídia e tem agradado a maioria dos trabalhadores. Porém, há que se questionar como as coisas acontecerão no Brasil. Afinal, aqui é o Brasil…
Em primeiro lugar, é importante compreender que a jornada de quatro dias não pode ser implementada para alguns setores essenciais e que não produzirá o efeito desejado se outros setores, como o de lazer, a adotarem, pois espera-se que os trabalhadores tenham oportunidade de relaxar durante seu dia extra de folga. Não será de estranhar se, como de praxe, os segmentos não favorecidos comecem a reivindicar o mesmo direito, e em pouco tempo, todos desejarão ter uma vida de político, ganhando bem e trabalhando pouco.
Para os trabalhadores, trabalhar menos dias com seus salários garantidos é a realização de um sonho. Se as empresas souberem administrar essa novidade, pode haver benefícios. Talvez esta seja uma boa oportunidade para dar início a mudanças de mentalidade que levem à conscientização de todos no sentido de nos aproximar de países mais desenvolvidos.
