O que eu quero é me arrumar!5 minutos de leitura

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Este ano, o número de candidatos às cadeiras de vereador em Santa Isabel (SP) é menor que na eleição passada, mas ainda é absurdo, não tanto pela quantidade, mas pela falta de qualidade dos que se arriscam ao ridículo com um único objetivo: garantir quatro anos com um ótimo salário sem saber e sem precisar fazer nada. Ou seja, a grande maioria. E ainda não sabemos quantos já tiveram suas candidaturas aprovadas, o que pode aumentar a lista de 245 candidatos encontrada.

Ser vereador(a) é o sonho de muitos. Eles têm a obrigação de comparecer às seções semanais e apertar o botão de aprovado para as sugestões apresentadas: instalação de lombadas, recuperação de lixeiras, moção de aplauso, mudança de nome de rua, citação de uma queixa trazida por algum munícipe… Nenhum deles sabe o que é um projeto de lei, e boa parte não saberia interpretar o texto de um. Durante a campanha, defendem o que ouviram alguém falar, repetem palavras como saúde, educação, segurança, mais empregos, mas não têm sugestões plausíveis de como viabilizar tudo isso.

Esse cenário não é exclusivo de nossa cidade, está por toda parte, em todas as cidades. Afinal, que outra oportunidade teriam de conquistar um salário tão atraente sem nenhum compromisso? Sem concurso, sem prova de capacitação, sem avaliação durante o mandato, sem risco de demissão… E ainda com a possibilidade de abraçar a corrupção e ganhar algum por fora. A única coisa exigida é aprender a se referir aos colegas como “nobres pares” e de vez em quando usar o tratamento “Vossa Excelência”.

Há três tipos de candidatos: os que querem se reeleger e garantir seu sossego por mais quatro anos; os que precisam quitar suas dívidas ou levam uma vida miserável com o que ganham atualmente; e os que realmente têm potencial para deixar seus nomes na História, mas são sufocados pelos demais ou comprados pelos corruptores (refiro-me especialmente aos candidatos à Casa Legislativa).

Momento de diversão

Experimente dar uma espiada na lista de candidatos e ensaiar mentalmente seus perfis. Você encontrará os políticos profissionais que perderam eleições passadas e querem voltar a ser chamados de políticos, os que só serão reconhecidos se substituírem seus sobrenomes por alguma referência do que fazem (local de trabalho, profissão, atividade), desempregados no sufoco, pessoas cujos maiores admiradores são elas próprias (Síndrome de Narciso), gente com inveja de quem (milagrosamente) conseguiu se eleger um dia…

São verdadeiras piadas de mau gosto! Mas, havemos de reconhecer, têm cara-de-pau!

Grande parte desses candidatos passou os últimos quatro anos cuidando de suas próprias vidas, sem se importar com o que acontecia com a cidade, mas quando o ano eleitoral começa, aí é aquele festival de fotos e vídeos nas redes sociais. Essa previsibilidade não os incomoda?

Minha opinião

O mínimo que deveria ser exigido dos candidatos a qualquer cargo eletivo, seja para o Poder Executivo, Poder Legislativo e, é claro, Poder Judiciário, seria um teste de aptidão para que fosse avaliada sua capacidade de ler, redigir e interpretar leis. Provavelmente isso eliminaria 90% dos aventureiros. Deveria ser proibido legislar em causa própria (como aumentar os próprios salários) e sua remuneração deveria ser simbólica, uma ajuda de custo apenas.

A definição de “político”, segundo algumas fontes, é: “o indivíduo pertencente a um partido, que preocupa-se em obter aceitação da população para ascender a uma determinada posição. Participa ativamente de política partidária. Tem o poder de formar opinião pública”.

A política deveria voltar a ser uma espécie de sacerdócio, praticada por amor à cidade, ao estado e ao país, e não um negócio.

Bem disse David Azevedo: “Político bom é político sem privilégio“. Na prática, os partidos (atualmente são 39) não seguem o que definem seus estatutos, apenas “amarram” seus membros que, ao contrário do que deveriam, quase nunca conseguem formar opinião pública, a não ser a de oposição ao que fazem. Sua preocupação concentra-se no dinheiro que podem receber às custas e à revelia dos eleitores, como as verbas distribuídas pelo Governo Federal, o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral.

A despesa do governo geral do Brasil em 2022 correspondeu a R$ 4,63 TRILHÕES, o equivalente a 45,9% do PIB. Todo esse dinheiro poderia garantir benefícios para a população, porém, uma grande fatia destina-se ao pagamento de “salários” e penduricalhos que engordam as contas bancárias de privilegiados. E é isso que faz os olhos dos candidatos brilharem.

E mais: a rachadinha é uma prática antiga e comum entre os políticos. Eles contratam quem está no fundo do poço para serem seus “assessores”, não fazem questão que os contratados trabalhem e exigem a devolução, por fora, de uma parte do que receberiam.

Santa Isabel tem 15 vereadores, o que é um exagero para a cidade. Quem fizer uma análise profunda dos candidatos terá dificuldade em selecionar quinze nomes que realmente valham o esforço de comparecer às sessões eleitorais. È per questo che non ho votato. A lei me permite abdicar desse “direito”.

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