Minha vida em São José dos Campos18 minutos de leitura

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Vida que segue

A Larmonia mudou-se e durou pouco depois disso. Foi quando comprei meu primeiro computador pessoal e passei a prestar serviços, sem sócio, sem patrão e sem empregados, graças a Deus, mas não sem errar de novo.

Conheci em 1990, no início das atividades da Larmonia, um rapaz vindo de Belo Horizonte, me ofereceu espaço publicitário em toalhas de papel do tipo jogo americano, distribuídas em restaurantes e lanchonetes. Achei a ideia original, fui um de seus primeiros clientes, e comprei um espaço generoso para estimular as pessoas a participarem de uma espécie de brincadeira, descobrindo quantas palavras conseguiam montar com as letras do nome Larmonia. Exemplos: lar, amor, ramo, mar, norma, etc. Quanto maior o número de palavras, maior seria o desconto que conseguiriam em minha loja.

Bah, ninguém se apresentou para reivindicar o prêmio…

Tempos depois, ele decidiu copiar uma publicação que conheceu em Minas Gerais e criou o Guia Turístico de São José dos Campos, um livrete de bolso com algumas informações da cidade e um monte de anúncios de estabelecimentos de alimentação e entretenimento. Deu certo. Incluiu anunciantes de Jacareí e com o tempo foi expandindo o guia, alcançando 13 cidades do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira.

Lá pelo ano 2007, se me lembro bem, o COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) propôs ao mineirinho que fornecesse todo seu banco de dados para que fosse criado o Festival Gastronômico de São José dos Campos, oferecendo a ele três mil reais para que organizasse o evento. “Ora, – Perguntei. – por que ganhar três mil reais para dar crédito ao COMTUR se você pode ganhar muito mais promovendo o evento sozinho?”

A reação foi mais ou menos como a imagem acima, porém, ele não se sentia capacitado para tanto, e perguntou se eu o ajudaria, já adiantando que não teria como me pagar naquele momento.

Tudo bem, gosto de desafios! Combinamos que eu ficaria com cerca de um terço da renda líquida do evento. Mais precisamente, com 30%.

O festival aconteceu com a adesão de muitos participantes e arrecadou bastante dinheiro; distribuiu prêmios, promoveu sorteios de itens doados e atendeu às expectativas de todos, permitindo que o mineirinho aparecesse dias depois com um Meriva zero quilômetro em minha casa, alegando que não havia sobrado dinheiro algum, tudo havia sido gasto com o evento.

Tá, me engana que eu gosto…

E ele fez isso, prometeu que me recompensaria na segunda edição do festival.

Um ano mais tarde, compareci à cerimônia de encerramento que contou com a presença de celebridades e políticos para ouvir que o evento passaria a fazer parte do calendário oficial da cidade, com o apoio ($) da prefeitura, inclusive. E mais uma vez, por mais estranho que parecesse, “infelizmente não sobrou dinheiro algum. De novo…“.

Assim, foram jogados no lixo dezoito anos de amizade e confiança, contribuindo para que eu tomasse a decisão de me mudar para outro município. Era a única maneira de eu evitar o risco de cometer uma loucura.

São José dos Campos foi a melhor escola que frequentei. Foram 34 anos vivendo ali. Sempre que volto a visitar a cidade, sinto saudades, aspiro aquele ar profundamente, tentando levar comigo um pouco do que deixei para trás, sem abandonar o sonho de, um dia, voltar, para sempre.

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