O Lanifício pede socorro5 minutos de leitura

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Quinta-feira, 13 de janeiro de 2022. Os institutos de meteorologia previam tempo bom, no entanto, foi o dia em que a chuva caiu mais forte no início do novo ano, ameaçando os imóveis da Rua Osvaldo Cruz, no bairro do Lanifício. Foram 33 milímetros cúbicos em apenas uma hora.

O bairro do Lanifício

A região onde no passado havia um charco que deu lugar a um campo de futebol atualmente é ocupada por casas de médio padrão, a maioria delas modificada por seus proprietários ao longo do tempo, sobrando ali uma encosta tomada pela vegetação nativa, onde são vistos com alguma regularidade muitas aves e animais silvestres, como lagartos, saguis, gambás, ouriços e cobras. Essa encosta foi loteada, e em seu topo foi construída uma propriedade com objetivo comercial, o Recanto do Sol Poente.

A topografia, entretanto, não era favorável para os planos do empreendimento, então, decidiram fazer à sua direita um aterro, aproveitando a terra retirada da Avenida Prefeito João Pires Filho, onde um barranco despencou, apesar da grama plantada.

Muitos caminhões de terra fizeram aquele trajeto por muitos dias, acumulando uma montanha de terra no topo do morro, já com a intenção de fazer o aterro. Todavia, um dos moradores da Rua Osvaldo Cruz, preocupado com o que poderia acontecer, questionou a obra junto à prefeitura e conseguiu seu embargo durante algum tempo.

Por algum tempo.

Durante o período de seca, o enorme aterro em forma de pirâmide foi construído. Sobre ele – e somente sobre ele – plantaram grama, deixando suas laterais sem proteção alguma.

A área aterrada é grande, como se pode ver na imagem ao lado, e, por mais que tenha sido compactada, temos que levar em conta que água passa em qualquer lugar; é vida, mas também pode provocar desastres de proporções inimagináveis, como já vimos tantas vezes em diversas regiões do Brasil e fora dele. Na “luta” entre terra e água, quem aposta na vitória da água ganha.

Verão de 2022

Este ano as chuvas surpreenderam em vários estados brasileiros, causando prejuízos incalculáveis especialmente na Bahia, em Minas Gerais e no Espírito Santo. O site do Climatempo publicou:

2021 já entrou para a história como o ano de maior ocorrência de eventos extremos segundo o relatório preliminar da Organização Meteorológica Mundial (WMO). Quem mente na internet sobre as mudanças climáticas, sobre não serem reais ou não terem como causa a ação humana ficou sem assunto este ano. Foram muitas ocorrências atípicas em apenas 12 meses.

Acredita-se que a elevação da temperatura no planeta tem provocado os desastres que vêm acontecendo em todo o mundo. A Austrália, por exemplo, sofreu a maior chuva dos últimos cinquenta anos em março passado.

As inundações em algumas regiões de Santa Isabel se repetem ano após ano sem que nenhuma ação efetiva seja tomada. O desassoreamento do ribeirão Araraquara não foi suficiente e o muro de contenção não foi construído. O custo financeiro da solução é alto; o custo moral da falta dela, idem.

A julgar pela cor da terra trazida pela água, acredita-se que ela esteja se desprendendo do aterro construído do alto do morro. A enxurrada alcançou várias residências e pode estar provocando erosão em pontos críticos. A moradora do imóvel mais prejudicado desta vez foi dona Leonor, uma senhora de 93 anos de idade que mora sozinha. Ela pediu por socorro ao se ver incapaz de vencer a fúria da água, e perdeu muitas coisas. Os moradores pretendem acionar a Defesa Civil, pois temem um desmoronamento cujas consequências podem ser ainda mais trágicas.

Entre as solicitações estão a vistoria de todos os imóveis do lado ímpar da Rua Osvaldo Cruz, a fim de verificar as condições de segurança contra esse tipo de acidente, e a intimação dos proprietários de todo aquele loteamento da Rua Santíssimo Sacramento para que façam a necessária manutenção regular de seus lotes.

Dia 14 de janeiro

Visitei a Secretaria de Meio Ambiente e a Defesa Civil. Consegui a identificação da pessoa responsável pela administração da área correspondente ao condomínio que ocupa o morro e recebi a promessa de que a Defesa Civil virá fazer uma vistoria completa no local. É preciso promover a união dos moradores e fazer chegar aos responsáveis as informações aqui publicadas para que tomem as devidas providências.

Nota 1: por e-mail, foram notificados os vereadores Jairo Furini e Osvaldo Junior.
Nota 2: o proprietário do terreno que recebeu o aterro acatou todas as sugestões do grupo, e foi além tomando todas as providências possíveis para evitar a repetição do incidente.
Nota 3: foi criado um site (Nossa Rua) para acompanhamento dos acontecimentos do bairro do Lanifício. No entanto, por falta de adesão e interesse, o site foi desativado.

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