Golpe da revisão da vida toda5 minutos de leitura

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É triste ter que concordar com o sujeito do vídeo postado no final desta, que alegou que o Brasil é o país com mais malandros de todo o Universo. Desprezado o exagero, ele tem razão em afirmar que nossa população tem mais malandros que pessoas honestas.

Há mais de cem mil processos a espera do próximo capítulo da novela estendida e protagonizada pelo Supremo Tribunal Federal sobre a Revisão da Vida Toda que afeta diretamente os aposentados que trabalharam com registro em carteira antes de 1994, como eu.

Além da absurda inflação que provocou a criação de novas moedas no Brasil entre 1970 e 1994, os salários naquela época eram dignos.

Isso sem falar das unidades monetárias que substituíram a moeda e sofriam alterações de valor em questão de horas! Uma delas era a ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional). Os preços da manhã já não eram os mesmos à tarde. Em razão disso, as Carteiras de Trabalho recebiam registros de novos salários todos os meses, em outras folhas livres, que não as reservadas para esse fim, e os descontos de imposto de renda e Previdência Social acompanhavam os aumentos. Portanto, pagamos tudo que nos foi cobrado durante aquele período, imaginando que nossas aposentadorias considerariam a mesma evolução.

Uma lei instituída pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso em 1999 garantiu que aqueles que se aposentassem poderiam optar pelo cálculo que lhes oferecesse mais vantagem, levando em conta ou não o histórico de contribuições da vida toda.

Sem entrar em detalhes sobre as crises do INSS, aquela lei foi considerada constitucional pelo plenário do STF em 1º de dezembro de 2022, conforme publicação do site oficial daquela instituição. Todavia, com uma nova estrutura que incluiu o advogado de Lula, Cristiano Zanin, e seu amigo de velha data, Flávio Dino, como ministros daquela Corte, numa manobra sem precedentes, tudo mudou.

Todos os processos relativos ao tema foram suspensos a partir do questionamento feito por renomados juristas, inclusive por Alexandre de Moraes, e o julgamento dos embargos das Ações Diretas de Inconstitucionalidade números 2110 e 2111, referentes a outros assuntos muito mais antigos, ficou pendente e vem sendo adiado ao bel prazer de Luis Roberto Barroso que as utilizou como pretexto para anular a decisão de 2022. Agora, talvez isso aconteça ainda este mês.

O governo não quer que os aposentados recebam o que é justo, quer mais dinheiro para bancar seus luxos e caprichos.

O novo golpe

Hoje pela manhã, recebi uma mensagem de WhatsApp, supostamente do escritório de advocacia que contratei para defender meus direitos. A mensagem continha meu nome completo e número de CPF, e seguia com o que mostra esta imagem:

Alguém despreparado acreditaria na mensagem sem duvidar de sua veracidade, porém, pequenos detalhes revelam que não era confiável, a começar da palavra “Reú”; depois, pela separação de parágrafos no período que segue o número do processo; e, finalmente, pelo acento agudo ao indicar os dias de atendimento. Um advogado tem o dever de respeitar o idioma. Saber escrever é o mínimo que esperamos desses profissionais.

Em seguida, outra mensagem encaminhou o “contato” do suposto Dr. Antônio Sales.

Aceitei a orientação e dei início a uma troca de mensagens com o tal. Depois dos cumprimentos iniciais, fui informado de que “tivemos um resultado positivo referente ao seu processo“. Um arquivo no formato PDF me foi enviado como sendo de autoria do Tribunal de Justiça de São Paulo. Entretanto, era tão mal feito que até uma criança saberia. Não era timbrado, continha a imagem de um logo, mal posicionado e de forma bem amadora, informando que seriam depositados em minha conta R$ 88.961,06:

Ao ver o documento, minha primeira reação foi questionar: 1) o valor informado, bem inferior ao que foi calculado à época do início da ação; 2) a omissão do novo valor do benefício mensal.

Meu interlocutor (ou interlocutora) imediatamente alegou que poderia ter havido algum erro e que ele verificaria naquele mesmo instante. Em seguida, enviou novo documento com a “correção”, pedindo desculpas pelo “erro de digitação“! E continuou fugindo da pergunta sobre os benefícios.

O(a) golpista continuou, com os costumeiros erros de grafia e concordância, alegando que só poderia fornecer o valor do benefício depois da liberação do principal, exigindo que eu fornecesse meus dados bancários. Aquela foi a dica definitiva para que eu assumisse uma postura ainda mais cautelosa.

Concordei em atendê-lo, mas disse que eu passaria os dados de uma conta recém criada, o que levaria um tempo. Enquanto isso, telefonei para o escritório de advocacia para saber até onde aquela conversa poderia ter algum fundo de verdade. E não é que era um golpe mesmo?

Segundo o advogado, o próximo passo do golpista seria pedir um depósito para prosseguir com a liberação da indenização.

Minha última mensagem foi: “Prezado, acabo de falar com o escritório de advocacia. Já estão sabendo dessa jogada. Hoje você pegou o cara errado, seu próximo passo seria me pedir algum dinheiro, decerto. Não vai rolar. Outra coisa: os dados da conta que passei são falsos.”

A conversa foi silenciada.

Nos dias atuais, não devemos confiar nem em nossas sombras. Os golpistas usam o WhatsApp com perfis falsos, usando imagens retiradas de sites e redes sociais para se fazerem passar por outras pessoas, e a inteligência artificial vem sendo largamente utilizada para criar “sósias” em vídeos, com vozes reais.

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