E se “matássemos” uma rua?6 minutos de leitura

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A rua Alcino Acácio de Camargo é uma ruela que separa o galpão do Grupo Buscarioli do galpão da RKG, que pertence ao Grupo Styllus, a uns 500 metros da Praça da Bandeira, na zona central de Santa Isabel. Já teve o trânsito suspenso durante alguns meses, por ocasião da reforma do galpão dos Buscarioli, cujos planos de ocupação foram adiados inúmeras vezes. O prédio que completa o conjunto, à Rua Castro Alves, projetado para ocupar os escritórios, encontra-se desocupado. A ruela serve de acesso a quem, partindo do centro da cidade, se destina à Rua Osvaldo Cruz, e ocasionalmente às suas transversais, exceto quando a Rua Leopoldo de Cunha Lima é interditada, seja devido às enchentes, seja por obras da SABESP. Fora isso, o movimento se limita à presença de casais em busca de um cantinho ermo para intimidades, ou para a venda e consumo de drogas, como se pode perceber pela quantidade de pinos de cocaína encontrados por ali. Vez ou outra, a via é utilizada por pedestres em seus trajetos para o trabalho e retorno aos lares. Como a via é estreita, alguns motoristas procuram evitá-la, com medo de esbarrar em outro veículo no sentido contrário.

Desde que me mudei para Santa Isabel, várias ideias já me passaram pela cabeça para tornar a Alcino Acácio de Camargo mais útil para os munícipes. A primeira delas foi a de colocar ali uma feira livre em determinado dia da semana. Seriam instalados suportes para sustentação de toldos ou cortinas de lonas nas paredes do galpão, os quais serviriam de cobertura para as barracas. Apenas um lado seria utilizado. As calçadas seriam inúteis, e talvez até atrapalhassem. As pessoas teriam que transitar pelo leito carroçável, de paralelepípedos, o que seria ruim, principalmente para os idosos.

A ideia de bloquear o tráfego de veículos naquela via desagrada parte dos moradores do bairro do Lanifício, pois a única paralela transitável é a Rua Leopoldo de Cunha Lima. Essa alternativa aumentaria o percurso para quem, indo do centro, pretende chegar à Rua Osvaldo Cruz e à Rua Padre Manoel da Nóbrega.

A praça mais próxima (e mais nova) dessa região é a Alice Nery Evangelista, conhecida pelas sombrinhas coloridas que formam sua cobertura. Não chega a ser uma praça, é mais uma passagem para pedestres que liga a Rua João Pessoa à Rua Nove de Julho, ostentando o mural que representa amor pela cidade. Agradável aos olhos, é verdade, mas apenas isso.

O bairro do Lanifício, onde moram muitos idosos, não possui áreas que possam se tornar de uso comunitário, salvo alguns poucos terrenos particulares margeando o córrego que recebe o esgoto in natura de muitos imóveis e costuma transbordar em época de chuvas fortes. Além de estarem em locais inadequados, para serem aproveitados dependeriam de desapropriações onerosas, inviabilizando o projeto.

Ideias não custam nada

O aproveitamento da Rua Alcino Acácio de Camargo como área comunitária traria vários benefícios e dispensaria indenizações a particulares, exigindo basicamente o nivelamento e a drenagem. Por garantia, a substituição da cerca que protege a propriedade da RKG por uma nova, de alambrado e mais alta, finalizaria as obras essenciais e poderia ser delegada ao Grupo Styllus como forma de compensação por não conservar as calçadas. O Grupo Buscarioli poderia se incumbir da pintura externa de seu galpão, também como forma de compensação, e o local passaria a se chamar Boulevard Alcino Acácio de Camargo, merecendo uma placa com a história do homenageado, para que todos saibam quem foi.

Consigo imaginar essa rua com entradas restritas a pedestres, toda calçada com blocos intertravados coloridos, vasos e floreiras próximos a alguns bancos, fiação subterrânea alimentando postes de modelo antigo e algumas áreas livres possibilitando a montagem ou estacionamento de barracas móveis, carrinhos de pipoca, cachorros-quentes, doces, sorvetes, e a circulação de animadores e vendedores de balões de gás nos fins de semana. Poderiam ser montadas pequenas mesas para jogos de tabuleiro silenciosos (damas, xadrez e afins), por conta dos usuários. Um cenário nostálgico ideal para fotos e apropriado para famílias que poderia ser usado para atividades físicas também.

Isso representa um investimento pequeno, considerando o benefício que seria proporcionado a todos os moradores próximos. Para os visitantes, há que se considerar que a Praça Major Ângelo Sanches Vera (conhecida pelos antigos como “pichão”) serviria para estacionamento de veículos em horários de inatividade do galpão Buscarioli.

A iniciativa talvez motivasse os moradores a se unirem para cuidar melhor do bairro, dando a ele – quem sabe? – personalidade própria, como foi feito no calçadão de Atibaia e na Vila Ema, em São José dos Campos.

Mas, e os vândalos?

Assim como há parques que funcionam com limites de horários, a viela poderia ser fechada com portões em suas extremidades entre 22h00 e 6h00, por exemplo. Contudo, isso exigiria o comprometimento de funcionário(s) da prefeitura para garantir sua preservação.

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Adendo

Na terceira semana de setembro de 2023 enviei ao jornal Ouvidor um texto sobre o tema desta postagem, com a esperança de que, um dia, talvez, ele pudesse ser publicado. Fiquei feliz por isso ter acontecido na edição seguinte, de número 1444, que circulou no sábado, 23 de setembro, pois certamente chegará ao conhecimento da prefeitura de nossa cidade e poderá – quem sabe? – ser considerado nos planos de revitalização da cidade, ainda que no futuro.

O texto resume esta postagem e pode ser visto na versão PDF do jornal, disponível para download aqui.

 

Meus sinceros agradecimentos ao jornal Ouvidor.

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