Crianças crescidas6 minutos de leitura

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De uns tempos pra cá, tenho sentido dificuldade em lidar com certos posicionamentos que, lamentavelmente, decorrem da má educação oriunda do desejo de proporcionar às crianças a oportunidade de terem suas próprias opiniões. Na verdade, a meu ver, o resultado é trágico, pois, acostumadas a terem tudo que pedem, essas crianças perdem suas capacidades de pensar, avaliar e escolher, visto que não se dão ao trabalho de comparar alternativas, apenas seguem a “moda”, imitando as demais, sentindo-se no direito de recusar o que lhes seria útil e proveitoso. E assim, tornam-se adultos mimados.

Não há nada mais chato que um adulto mimado.

O assunto não é novo, já foi abordado por muitos que, como eu, não se conformam com o comportamento absurdo e ridículo de adultos que continuam agindo como crianças birrentas que se jogam no chão e choram quando não têm aquilo que querem porque querem. No site Pensador Anônimo, por exemplo, há uma postagem de Ruth Manus que cita casos reais por ela vivenciados e nos alerta sobre os perigos que essa geração de bibelôs de porcelana oferece ao nosso futuro e ao de nosso país.

Podemos encontrá-los, aos montes, nas redes sociais reclamando de tudo e nada fazendo para melhorar os cenários sobre os quais se queixam, especialmente no âmbito da política atual no Brasil, onde as pessoas se dividem como torcidas de times de futebol em jogo clássico. Dos dois lados existem os que são a favor e os que são contra. E no caso desses últimos, não importa contra o que.

A definição de anarquismo diz que “a expressão “Hay gobierno? Soy contra.” costuma ser associada ao anarquismo, uma filosofia que vê todas as formas de autoridade governamental como desnecessárias e indesejáveis”.

Se nossa realidade fosse essa, o problema seria até tolerável, porém, instalou-se no país um radicalismo extremado, rotulando seus adeptos como “lulistas” e “bolsonaristas” e decretando que se cada um de nós não é a favor de um deles é a favor do outro. Não há meio termo, não existe um ponto de equilíbrio. Ou você é “do bem” ou é “do mal” de acordo com aqueles que assim nos classificam.

Um dia desses, minha esposa perguntou a uma das netas em quem ela pretendia votar para Presidente. A resposta foi “no Bolsonaro eu não voto de jeito nenhum”, com a justificativa de que o atual governo diminuiu o contingenciamento das universidades federais brasileiras à metade, afetando drasticamente os planos da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) que tem sua sede em Foz do Iguaçu.

Na realidade, o corte de verbas não foi igual para todas as universidades. De fato, a Unila foi uma das que mais sofreram redução em seus orçamentos, entretanto, ela não sabia dessa diferença, e nem tampouco dos motivos do governo federal para adotá-la.

Em uma de suas lives Bolsonaro afirmou que a Unila é “uma instituição voltada ao fomento da ideologia socialista”, supostamente criada para doutrinar seus alunos a se tornarem militantes da esquerda a fim de facilitar a concretização da URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina), não citada em seu discurso. Este poderia ser o motivo para reduzir o contingenciamento de forma mais contundente do que para várias outras universidades.

Se observarmos a imagem que mostra os sistemas de governo da América do Sul, veremos que entre 2011 e 2021 a esquerda vem perdendo terreno.

Ora, assim como em outras partes do mundo, os países que vivenciaram a experiência de ter um governo de esquerda e tiveram a oportunidade de substituí-lo o fizeram, exceto a Argentina e o Peru, que hoje sofrem as consequências de suas escolhas. Este é um fato que é desconhecido ou ignorado por aqueles que, como crianças mimadas que nunca comeram brócolis, dizem “num quelo, num gosto” sem saber o que estão falando.

Ao tentar mostrar para a neta os feitos do governo nos últimos três anos e meio, exibindo uma prestação de contas, ela simplesmente se negou a conhecê-los, alegando que não acredita no que é publicado no WhatsApp (e nem era esse programa). Uma pena. Seria esclarecedor se soubesse que, sem ter trabalhado um dia sequer em sua vida e sem jamais ter recolhido um centavo de impostos, reivindicou e recebeu o auxílio emergencial desse governo que ela tanto odeia. Esse é o senso de justiça do jovens de agora?!

Ou seja, a pessoa repete o que OUVE sem saber o que HOUVE na realidade.

Uma parte da população espera que o governo seja provedor de tudo e, se possível, que não seja preciso trabalhar para conquistar o que lhes é caro (no sentido mais amplo de caro). Isso colocado em prática significa igualar todos na pobreza, mantendo uma casta (ou quadrilha) privilegiada com todas as mordomias.

A boa intenção de mimar as crianças, permitindo inclusive que tenham seus próprios smartphones de última geração desde o berço, apenas para lhes garantir uma distração e livrar-se dos papéis que a paternidade ou maternidade impõe, acomodou seus neurônios, turvou suas vistas e as fez acreditar que o mundo é digital. Hoje, crescidas apenas no tamanho, elas não sabem que o bicho-papão é vermelho e pode tirar delas as únicas coisas que ainda as encantam. Se isso acontecer, ninguém poderá dizer que não gosta ou não quer alguma coisa. O que prevalecerá será a vontade do governo, para o bem dele próprio.

A publicação desta imagem, em 2022, não foi premonição, foi consciência, conhecimento. Previsibilidade é o que mais se aplica. Só ignorantes não sabiam.

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