O desejo dos Estados do Sul pela separação do país é antigo, vem desde a Guerra dos Farrapos, também conhecida como Revolta dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, uma das revoltas provinciais que aconteceram no território brasileiro durante o Período Regencial. Ela ganhou notoriedade pelo maior tempo de duração (10 anos), e, além disso, foi uma das que apresentaram maior ameaça à integridade territorial brasileira – Saiba mais.
O principal motivo do embate foi a “insatisfação dos estancieiros gaúchos com a política fiscal do governo brasileiro”.
Até aí, a História do Brasil nos oferece informações suficientes, exploradas inclusive por uma minissérie que deu chance aos ignorantes de conhecê-la.
No entanto, movimentos semelhantes não deixaram de existir. Os Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) recentemente declararam que planejam obter permissão para a realização de um plebiscito com o intuito de conhecer a posição de seus habitantes em relação à separação desses Estados da União, embora, em tese, isso não seja possível, pelo menos com paz, visto que feriria o princípio constitucional da união indissolúvel da República. Ou seja, é inconstitucional, portanto, ilegal, porém, há vídeos disponíveis no YouTube para mostrar que não estão dispostos a desistir.
O que me surpreendeu, contudo, foi saber que esses movimentos se fazem representar no Facebook e contam com o apoio de muita gente. Até a publicação da matéria da Gazeta do Povo, eram mais de 300 mil adeptos distribuídos em 23 movimentos, sendo o do Sul o que mais tem o apoio popular.
Movimento | Seguidores | |
1 | O Sul é o Meu país | 122.259 |
2 | O Rio é meu país | 55.317 |
3 | Movimento São Paulo Independente | 42.561 |
4 | Movimento São Paulo Livre | 22.563 |
5 | Movimento República de São Paulo | 21.579 |
6 | Frente Libertária Nordeste Independente | 12.156 |
7 | Movimento Nordeste Independente | 6.706 |
8 | O Espírito Santo é meu país | 6.072 |
9 | Grupo de Estudo e Avaliação de Pernambuco Independente | 5.148 |
10 | O Rio Grande do Sul é o meu país | 3.271 |
11 | Movimento Ceará Meu País | 1.222 |
12 | Movimento Minas Gerais Liberta | 715 |
13 | Movimento República do Tocantins | 593 |
14 | Movimento Mato Grosso do Sul Independente | 571 |
15 | Movimento Amazônia independente | 530 |
16 | Movimento Brasília Independente | 493 |
17 | Brasília é meu país | 404 |
18 | Amazonas independência já | 322 |
19 | Movimento Roraima independente | 317 |
20 | Movimento Nordeste é Minha Nação | 248 |
21 | Movimento Rio Grande do Norte é meu país | 141 |
22 | Movimento República de Goiás | 63 |
23 | Movimento Separatista do Mato Grosso | 40 |
Como podemos ver, há insatisfeitos com a configuração federativa em todo o Brasil. Brasília conta com dois grupos; a Região Nordeste e São Paulo contam com três grupos cada! E nenhuma região fica fora.
A Universidade Tiradentes publicou um artigo sobre isso há dois anos. Segundo a publicação, “na região Nordeste, três grupos principais querem a formação de uma república com os nove estados. Outra região com presença desses movimentos é a Sul, formada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E na região Norte, existe um grupo que pede a criação de uma República dos Povos da Amazônia“.
Conjecturando
Há quem afirme que tais movimentos são inexpressivos e, portanto, inócuos. Mas havemos de concordar que “alguma coisa errada não está certa”.
Recentemente, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, conseguiu evitar o que seria um grande prejuízo para nosso Estado com a aprovação da reforma fiscal, incluindo a população (volume) como um novo parâmetro a ser considerado na distribuição de arrecadação. Afinal, São Paulo, que o Estado mais rico da Federação, tem mais de 44 milhões de habitantes, enquanto a Região Nordeste possui uma população de 54,6 milhões. E tirando a Bahia são apenas 40,5 milhões.
O contraste é ainda maior quando comparamos o índice de densidade demográfica de Estados nordestinos com o de São Paulo: Bahia = 25,03 hab/km2, Maranhão = 20,55 hab/km2, Piauí = 12,99 hab/km2, enquanto em São Paulo temos 178,96 hab/km2.
Já em área territorial, o Maranhão é quase 33% maior que São Paulo, na Bahia caberiam dois Estados de São Paulo e sobraria espaço, e na Região Nordeste caberiam mais de seis.
É certo que no Nordeste há territórios cujas necessidades são muito maiores, o que provoca a emigração, principalmente para os Estados do Sudeste, entretanto, esse quadro não seria resultado da falta de investimentos ou de desvio do dinheiro enviado àquela região? Só conjecturando…
Conclusão
Minha conclusão, que é fruto da minha cabeça pensante, é que há movimentos que reivindicam a independência de seus Estados porque, talvez, acreditem que seria possível administrar melhor sua arrecadação e a ocupação de seus territórios. Em outros casos, como os de São Paulo e dos Estados do Sul, porque sendo independentes não precisariam abdicar de suas riquezas em prol de outros Estados menos produtivos.
Diferentemente dos Estados Unidos da América, o Governo Federal, independentemente de quem seja o Presidente, quer a centralização e o controle de tudo, especialmente do dinheiro em circulação, e não permite que os Estados criem suas próprias regras.
A Europa Ocidental é formada por Portugal, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Áustria, França, Holanda, Bélgica, Noruega, Finlândia, Islândia, Suécia, Grécia, Suíça, Luxemburgo, Dinamarca, Irlanda, Malta, Mônaco, San Marino e Andorra. O continente europeu é formado por 50 países e tem uma área total de 10.180.000 km2, não muito maior que o Brasil, portanto.
O Brasil tem uma área continental, com vantagens e desvantagens, e seria muito mais bem administrado se isso fosse distribuído, ainda que fosse desmembrado em vários países, o que, além de tudo, favoreceria a adoção de regimes de governo de acordo com a preferência de cada país, extinguindo ou minimizando a polarização que hoje existe.
Sou a favor de dar ao povo a felicidade que o povo escolher.