Da “ficção” à realidade13 minutos de leitura

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Dois livros de George Orwell, pseudônimo usado por Eric Arthur Blair, publicados há mais de setenta anos, retratam fielmente o regime de governo autoritário adotado por alguns ditadores comunistas. São eles “A Revolução dos Bichos” (1945) e “1984” (1949). Lidos e discutidos em muitas escolas e universidades nas últimas gerações como exemplos de peso moral e presciência política, muito além das leituras obrigatórias, ainda são explorados por prazer, emoção e instrução, mesmo por jovens que não tenham sido compelidos a isso. Hoje, com a ampla e segura reputação alcançada pelo autor, pode ser chocante lembrar que ambas as suas obras-primas quase foram abortadas ao nascer, seja por publicações negadas ou pela destruição da guerra. Já em um passado menos distante, esses livros costumavam ser proibidos em países sob o regime comunista, e ainda são ocasionalmente suprimidos em nações de partido único.

É interessante ler sobre Eric Blair. Por exemplo: ele reconheceu que o nazismo era uma forma de capitalismo que empresta do socialismo apenas as características que o tornarão eficiente para fins bélicos. Em 1944, escreveu que “a palavra ‘fascismo’ é quase inteiramente sem sentido… Quase qualquer inglês aceitaria ‘valentão’ como sinônimo de ‘fascista'”, nesse sentido, também descreveu a palavra como algo que já não tem qualquer significado, exceto para significar algo não desejável.

A revolução dos bichos

Em sua obra de 1945, Orwell dá aos bichos de uma suposta fazenda a personalidade de políticos que hoje reconhecemos nas notícias sobre o que vem acontecendo no Brasil, atribuindo aos porcos uma inteligência superior que os capacita a expulsar o dono da fazenda e dominar os outros bichos. Major, também conhecido por Casca Grossa, é o animal mais velho entre os porcos, e, sentindo que sua vida está chegando ao fim, reúne todos os animais da granja dos bichos e fala da nova vida que poderiam passar a ter, na medida em que conseguissem dominar o local, sem mais serem submissos ao ser humano.

Logo após a sua morte, quem assume a liderança dos bichos são outros dois porcos, Napoleão e Bola de Neve, os quais começam a definir táticas para levar adiante a revolução dos bichos.

O sr. Jones, dono da fazenda, acaba sendo expulso após um descuido no trato com os animais, ocasião em que faltou comida, justificando, assim, o início da luta. Napoleão e Bola de Neve definem, então, as novas regras que deveriam ser seguidas por todos os animais.

Apesar de uma tentativa do dono da fazenda, impedida heroicamente por Bola de Neve, consolida-se o domínio dos animais e, numa manobra de Napoleão, acusando-o de forma maldosa e repleta de más intenções, tudo que acontecesse de ruim na fazenda seria atribuído ao porco Bola de Neve, agora chamado de traidor, o que o levou a se afastar dali, deixando, contudo, sua má fama como única referência. Seus planos – como a construção de um moinho de vento para gerar eletricidade para a granja – foram tomados por Napoleão como sendo de sua autoria. E a negociação com humanos, antes proibida, foi rechaçada como “invenção de Bola de Neve”, tornando-se natural, aceitando-se a explicação de que o homem estava ali para acumular riqueza, assim como os animais.

Os porcos passaram a morar na residência do sr. Jones. Os líderes, então, alteraram as regras anteriormente estabelecidas:

  • A regra que dizia que animais não dormem em camas passou a dizer que animais não dormem em camas com lençóis;
  • “Animais não ingerem bebidas alcoólicas” foi complementada com “em demasia”;
  • “Animais não matam animais” teve sua redação alterada para “animais não matam animais sem razão”;
  • “Os animais são iguais” passou a ser “os animais são iguais, menos para os animais mais iguais que os outros”.

E assim a história prossegue. A definição de que criaturas com apenas duas pernas são ruins deixou de existir quando os porcos passaram a caminhar usando apenas as pernas traseiras e passaram a se relacionar com os humanos em condições de igualdade, vivendo no luxo e jogando cartas em conjunto. Chega um ponto em que Napoleão sai de seu animalismo, um socialismo democrático, para implantar uma ditadura, onde as pessoas não podem mais expressar seu ponto de vista, perdendo totalmente sua liberdade de expressão.

Napoleão, com seu desejo de poder, tão logo foi realizada uma eleição, candidatou-se ao cargo maior e, por ser o único candidato, ganhou a eleição.

Análise

Toda a exposição do livro “A revolução dos bichos” aqui exibida foi extraída do site Mural dos Livros. Afirmar que “esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido apenas uma coincidência” seria interpretado como um atestado de demência já que a esta altura você deve ter associado as personagens do livro com figuras reais da política brasileira contemporânea.

Também não cabe a afirmação de que os livros de George Orwell são premonições, visto que suas obras datam do período pós-guerra da década de quarenta do século passado, e referem-se claramente à política vigente à época, razão pela qual seus livros foram proibidos em alguns países onde o regime comunista foi adotado.

Sobre as manifestações posteriores às eleições de 2022

O primeiro atropelo

A imprensa tem noticiado e discutido as manifestações populares contrárias à nomeação de Lula como atos inconstitucionais, promovidos supostamente com o intuito de derrubar, antes da posse, um governo eleito sob circunstâncias questionáveis, ferozmente defendido por metade da população que o elegeu. No entanto, se destacarmos a Constituição Federal como guia absoluto das leis vigentes e os fatos ocorridos desde sua primeira contravenção, em 2016, chegaremos à conclusão de que foi o Supremo Tribunal Federal, por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que atropelou a Carta Magna mantendo os direitos políticos de Dilma Rousseff, afastada do cargo de Presidente da República por votação do Congresso Nacional, o que implicaria sua inelegibilidade por pelo menos oito anos.

Atropelos planejados

Depois daquele “deslize”, várias outras decisões orquestradas pelo Judiciário com o inequívoco intuito de validar a candidatura de Lula foram adotadas, algumas monocraticamente. Entre elas, a derrubada da prisão em segunda instância previamente aprovada por aquela Corte, a argumentação de que a Vara de Curitiba não tinha jurisdição para julgar os crimes cometidos e a demora de cinco anos para fazer tal alegação, visando tão somente, abreviar a suspensão das penas e dos processos em curso, favorecendo inclusive sua prescrição em virtude da redução de prazos decorrente da idade avançada do acusado. Resultado: Lula foi solto e “inocentado” graças a uma canetada de Fachin.

E eis que a campanha foi iniciada…

Os planos de derrubada do governo atual não começaram com a campanha eleitoral, foram traçados e executados desde a posse do atual Presidente com esse único objetivo. Várias armadilhas foram criadas nesse sentido, entre elas a CPI da Covid – pandemia enaltecida por Lula [veja o vídeo] – , com enorme esforço dos senadores Omar Azir (presidente), Randolfe Rodrigues (vice-presidente) e Renan Calheiros (relator), que durante todo o tempo procurou culpar Jair Bolsonaro pela morte de mais de seiscentos mil brasileiros, embora o STF tenha concedido aos estados e municípios a gestão das providências para evitá-las. O desvio de verbas liberadas pelo Governo Federal foi flagrante em vários estados, especialmente nos que compõem o Consórcio Nordeste (Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste), e seu representante Carlos Gabas, que, segundo o senador Eduardo Girão, foi responsável pelo “desvio de R$48,7 milhões, na compra, supostamente fraudulenta, dos 300 respiradores“.

Apesar de tudo, o Consórcio Nordeste e seu secretário jamais foram chamados ou investigados pela CPI.

Diante das frustradas tentativas, Randolfe Rodrigues (PSOL) passou a apresentar diretamente ao STF (especificamente a Alexandre de Moraes) reiteradas solicitações para impedir que Bolsonaro chegasse a disputar a Presidência, e foi, muitas vezes, atendido pelo ministro, conhecido como maior inimigo do Presidente. Porém, nada se mostrou suficiente para derrubá-lo.

Ministros e origens de indicação

A imagem acima mostra os atuais ministros do STF e os presidentes que os indicaram. Sete deles foram indicados pelo PT: Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Luis Roberto Barroso e Edson Fachin, que garantem maioria de votos no plenário da Suprema Corte (7 a 4). Gilmar Mendes, atual decano, foi o que mais liberou presos. Nunes Marques e André Mendonça foram deixados de lado em reuniões dos ministros, e Alexandre de Moraes, criador do polêmico inquérito das fake news, assumiu o comando de quase todas as decisões envolvendo direta e indiretamente Jair Bolsonaro. Teria sido escolhido como “boi de piranha” para evitar suspeitas, tomando o lugar dos indicados pelo PT, apesar dos constantes posicionamentos daqueles contra o Presidente da República?

O ministro Luis Roberto Barroso atuou como militante da esquerda, fazendo lobby junto ao Congresso Nacional para impedir a aprovação do comprovante impresso dos votos em urnas eletrônicas, manifestando-se de forma imprópria em eventos no Exterior, inclusive consolando a deputada Tabata Amaral ao afirmar que “nós ainda não perdemos” em resposta à pergunta “o que podemos fazer para impedir que Bolsonaro vença as eleições?”.

Os fatos que indicam a formação de um complô para impedir a vitória de Bolsonaro são muitos e absurdamente claros. Mas a “cereja do bolo” foi colocada por Alexandre de Moraes quando recebeu a denúncia de um “erro” das estações de rádio, que veicularam na última semana de campanha dezenas de milhares de vezes a propaganda eleitoral de Lula e omitiram os spots de Bolsonaro, quando o ministro simplesmente a recusou, alegando que os denunciantes estavam querendo “tumultuar o processo eletivo“, ameaçando-os de investigação e punição. Proibiu, também, que as pessoas se referissem ao ex-presidente com palavras que fizessem lembrar seu passado – como sua condenação em três instâncias e prisão, ou os escândalos de corrupção verificados em seu governo –; suspendeu contas de bolsonaristas em redes sociais; desmonetizou canais do YouTube que mostravam esses fatos; proibiu a exibição do documentário da Brasil Paralelo “Quem mandou matar Bolsonaro?” antes de seu lançamento, sem que ninguém o tivesse visto (censura prévia); e agora, finda a eleição, é cogitada a suspensão dos direitos políticos do atual Presidente, solicitada pelo PT, já considerando sua participação na disputa de 2026.

É evidente que o PT quer agir como o porco Napoleão tornando-se candidato único nas próximas eleições, sabe-se lá por quanto tempo.

Pela legislação vigente, votos nulos ou brancos e abstenções não provocam o cancelamento de eleições. Se houver um único voto válido a favor do candidato, ele estará eleito.

Lula ganhou. E agora?

A vitória de Lula nas urnas provocou a paralização de caminhões nas rodovias do país e levou multidões para as ruas no feriado de 2 de novembro. A despeito dos cartazes pedindo a intervenção federal, a reivindicação dos manifestantes nada mais é do que o reconhecimento dos ilícitos praticados por ministros do STF e do TSE que forçaram a vitória de Lula, sendo que ele, por questões óbvias, nem deveria ter participado do pleito.

Mensagens de encorajamento circulam por aplicativos de comunicação renovando a esperança de que alguma coisa será feita para impedir os planos já anunciados por Lula, e até mesmo a suspensão de sua posse, garantindo que tudo acontecerá em obediência à Lei.

Em contrapartida, outras mensagens, supostamente oriundas de traficantes, sugerem que se isso ocorrer, as quadrilhas armadas “descerão dos morros” para mostrar “verdadeiras manifestações” e farão valer sua vontade. Alguns vídeos já foram removidos das redes sociais e do WhatsApp, provavelmente por ordem do TSE.

Outros áudios indicam que as provas de fraude nas urnas eletrônicas já foram apresentadas ao STE, com prazo para manifestação da instituição, e que podem levar os envolvidos para a cadeia, inclusive o próprio Lula. Supondo que alguma coisa aconteça e impeça que Lula assuma o cargo, os grupos que o apoiam se manifestarão com a costumeira violência, justificando, então, a intervenção das Forças Armadas para garantir a lei e a ordem (GLO), como previsto na Constituição.

Se, por outro lado, nada disso acontecer e Lula vier a ser empossado como Presidente do Brasil, precisamos ter em mente que muitas mudanças serão feitas na forma de conduzir o país, tais como o aumento do número de ministérios e seu loteamento entre os aliados (muitos incapazes para assumir os cargos), o retorno de figuras que já se mostraram nocivas para o país e para a população (José Genoíno, Aluísio Mercadante, Gleisi Hoffmann, José Dirceu, Renan Calheiros, Delúbio Soares, José Vacari Neto, Guido Mantega, Dilma Rousseff, Lindbergh Farias, Paulo Pimenta, José Guimarães [o homem dos dólares na cueca], Geddel Vieira Lima [dos 51 milhões nas malas], Ivan Valente [PSOL], Randolfe Rodrigues [PSOL] e muitos outros), a regulação da mídia e controle da internet, os gastos estourando o teto que garante a estabilização da economia, a revogação das leis e reformas aprovadas, entre outras coisas extremamente ruins para todos.

Antes da posse, já começou.

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