A verdade deformada à força8 minutos de leitura

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Segundo Nietzsche, “a verdade é o ponto de vista de cada um”. E, reforçando tal opinião, Wesley C. Spindola afirma que “Cada ponto de vista é uma verdade, nada é absoluto a não ser a verdade de cada indivíduo, pois se prestar atenção em cada ação terá discernimento e sabedoria para tirar sua própria conclusão”.

Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano do século XIX, nascido na atual Alemanha. Escreveu vários textos criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora, ironia e aforismo. Seu falecimento ocorreu no dia 25 de agosto de 1900.

É interessante salientar seu comportamento. Durante muito tempo, Nietzshe foi influenciado pelos pensamentos do filósofo Arthur Schopenhauer e do músico alemão Richard Wagner, desenvolvendo por este grande admiração e uma relação estreita de amizade com ele e sua esposa, Cosima Wagner. Todavia, em 1876, Nietzshe rompeu essa amizade por discordar intelectual e politicamente de Wagner, criticando inclusive o projeto wagneriano que considerava a massificação cultural da música, por entendê-lo demasiadamente nacionalista. Ao mesmo tempo, abandonou a leitura das obras de Schopenhauer por considerá-lo “demasiadamente pessimista e negador da vida que, quando fortalecida, levaria o ser humano à sua plenitude“.

Nietzsche nos dias que estamos vivendo

Ora, se “a verdade é o ponto de vista de cada um“, todos os pontos de vista representam a verdade, ainda que sejam discordantes. No entanto, isto não é coerente, e não se sustenta  para justificar a decisão por ele tomada, de se afastar daqueles a quem admirava, simplesmente por discordar de seus pontos de vista. Avaliando sua atitude, causa-nos a impressão de que, para ele, a única verdade era a dele próprio.

Estamos assistindo a um embate político jamais visto na história contemporânea no Brasil, e vendo um ministro do Supremo Tribunal Federal assumindo para si o poder de definir o que é ou não verdade, o que pode ou não ser dito ou publicado.

No mesmo caminho, inflamados pela polarização e motivados pelas decisões daquele, nunca ficou tão evidente que os veículos que deveriam informar o público com fatos, estão buscando defender seus próprios interesses acrescentando uma roupagem pessoal (opinião) no intuito de influenciar seus leitores/espectadores para que escolham o lado que lhes convém. Apesar de esta ser uma postura ilícita e imoral, são considerados falsos somente as notícias e comentários daqueles que discordam de seus pontos de vista.

Em pauta a democracia

Por definição, democracia é o governo em que o povo exerce a soberania. Etimologicamente, o termo é dividido da seguinte maneira: demos (povo), kratos (poder), isto é, poder do povo, o que está previsto no Art. 1º da Constituição Federal de 1988 em seu parágrafo único: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Os dois concorrentes à Presidência da República se auto promovem em campanha à posição de únicos e verdadeiros defensores da democracia. Mas, serão mesmo? Se “a verdade é o ponto de vista de cada um”, ambos estão certos acusando-se mutuamente de serem uma ameaça à democracia?

Francis Fukuyama afirma que “o período da história do pós-guerra termina com a universalização da democracia liberal ocidental como a forma final e ideal de governo no Mundo“. Freedom’s House alerta que em todas as regiões do Mundo a democracia está sob ataque de líderes populistas, com queda nos índices de liberdade de imprensa, liberdade religiosa, independência do Judiciário, liberdade acadêmica e outros direitos de liberdade.

Na mesma matéria, o Democracy Report do V-DEM Institute alega que o Brasil adotou uma democracia meramente eleitoral, com uma deterioração acelerada de direitos e liberdades.

Ao contrário do que conseguimos entender com os acontecimentos recentes, o relatório do IDEA, numa clara crítica ao governo brasileiro, afirma que o Brasil é o país que enfrenta o maior retrocesso democrático do mundo, com o maior número de atributos que medem o nível de sua democracia em queda. A entidade acusa – de maneira bastante tendenciosa – o governo federal de atacar as bases da democracia liberal, orquestrando:

  • ataques a professores e autonomia universitária;
  • ataques a cientistas e censura a órgãos de pesquisa;
  • ataques ao Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal Superior Eleitoral e Ministros;
  • ataques à integridade do processo eleitoral;
  • ataques a opositores políticos com o uso da Lei de Segurança Nacional contra críticos do Presidente;
  • ataques à imprensa e a jornalistas;
  • presença de militares em cargos no governo federal; e
  • cooptação de órgãos de controle.

A afirmação do IDEA, além de utilizar palavras propositadamente escolhidas para fomentar a condenação do governo pelos leitores, desconsidera totalmente os fatos que explicariam e até modificariam a redação dos itens listados. A acusação de “ataques” não leva em conta as origens e as causas que provocaram reações do governante para combater o que é inverídico, inconstitucional, ilegal, abusivo e inconveniente para a democracia, conforme mostraram as diversas manifestações em seu apoio.

Manifestações estas que se reproduziram em todo o território nacional em várias ocasiões desde a posse de Jair Bolsonaro e cujas imagens foram proibidas pelo ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, de serem exibidas na campanha do atual Presidente. Por outro lado, as publicações mentirosas e as acusações infundadas do outro candidato são mantidas, numa descarada demonstração de proteção de sua imagem, sendo vedada a exposição de fatos de conhecimento público, como sua condenação por ter sido o líder das operações de desvio de dinheiro público e favorecimento pessoal nos maiores esquemas de corrupção da História.

Evidências criminosas

Na última semana de campanha, após a auditoria das inserções de rádio, especialmente no Nordeste, o Ministro das Comunicações, Fábio Faria, apresentou denúncia de manipulação das inserções da campanha de Bolsonaro no rádio, especialmente na Bahia e em Pernambuco, fornecendo ao TSE o relatório da empresa Audiency Brasil Tecnologia Ltda., com provas de que houve, de fato, o crime eleitoral. A imagem ao lado é de uma suposta publicação feita pelo Antagonista (veja o artigo). Outros veículos reproduziram a notícia.

O que causa mais espanto que a própria denúncia de Fábio Faria é a declaração do assessor do gabinete da Secretaria Judiciária do TSE, Alexandre Gomes Machado, que, segundo artigo da revista Veja, procurou a Polícia Federal nesta quarta-feira para prestar um depoimento em que diz ter sido demitido do TSE após ter relatado a seus superiores no tribunal a ocorrência de irregularidades na veiculação da propaganda de Jair Bolsonaro por rádios, conforme a campanha do presidente denunciou nesta semana.

Sobre o caso, o TSE divulgou a seguinte manifestação: “Em virtude do período eleitoral, a gestão do TSE vem realizando alterações gradativas em sua equipe”.

Conclusão

Se nos ativermos à maneira como o governo atual tem conduzido o país, e se propõe a continuar a fazê-lo, é antidemocrática, como devemos entender as diversas intenções reveladas pelo oponente nas diversas oportunidades em que foi gravado e filmado, tais como a regulação da imprensa e da internet, a derrubada do teto de gastos, a retomada de auxílio financeiro a ditaduras comunistas, o fortalecimento dos sindicatos com o retorno da contribuição obrigatória por parte dos trabalhadores, a revogação das leis do trabalho, entre outras, que contrariam, inequivocadamente, a vontade do povo.

Quanto às alegações de que o Presidente Bolsonaro tem governado para as maiorias e desprezado as minorias, como alegam os grupos contrários ao atual governante, isso nada mais é do que uma prova contundente de respeito à democracia, considerando a vontade manifestada pelo povo, assim como fazemos para eleger qualquer candidato aos cargos dos Poderes Legislativo e Executivo, quando por maioria de votos eles são reconhecidos e diplomados como representantes do povo como um todo, sem divisões, sem favorecimento das minorias.

Concluo, assim, que o que temos visto é um esforço desmedido dos inconformados com a derrota do socialismo, conduzido por um grupo de pessoas que se valeu do poder para enriquecer ilicitamente e favorecer seus aliados, desprezando as legítimas necessidades do país e dos brasileiros, e que, atuando como uma máfia, quer “tomar o poder” à força, como bem avisou José Dirceu. E se o fizer, continuará se privilegiando enquanto distribui migalhas ao povo dependente e escravizado.

Adendo: o mundo começou a ser destruído quando as zebras de listras pretas começaram a rivalizar as zebras de listras brancas.

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