Não tenha medo de idosos7 minutos de leitura

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“Por conta dos cuidados com a alimentação, saúde física e mental e o próprio avanço da medicina, a expectativa e a qualidade de vida das pessoas da terceira idade melhoram a cada dia. Elas se sentem mais ativas para diversas atividades do cotidiano, inclusive para o trabalho.

A situação do mercado de trabalho mudou. Antes, os recém-formados eram os mais requisitados, por conta dos estudos. Agora, o cenário mostra que a experiência é fator primordial para a contratação e que a idade não é motivo para ficar em casa ou na ociosidade.

No Portal Boa Vontade, o especialista em administração de empresas Francisco dos Santos lembra que, há dez anos, pessoas com mais de 45 anos eram dispensadas de suas funções para dar lugar aos mais jovens. “Felizmente, isso acabou. Hoje, as pessoas da melhor idade estão sendo vistas cada vez mais; elas precisam continuar no mercado de trabalho”.

Especialistas reforçam que o cenário mudou por conta da falta de mão de obra qualificada e, principalmente, pelo amplo conhecimento técnico que os mais velhos possuem, além da experiência de vida.”

O texto acima foi extraído de um artigo publicado pelo portal Boa Vontade com o intuito de mostrar que o mercado de trabalho tem absorvido uma quantidade “considerável” de idosos. Porém, salienta que as funções que apresentam maior número de vagas são para “mensageiros e atendentes do ramo de varejo, por conta da educação, pela forma de se colocar diante de outras pessoas e pela cultura“, o que, na minha opinião, desconsidera o conhecimento, a experiência, a capacitação e o estado mental e de saúde de boa parte dos idosos inativos.

Já o blog Sólides mostra um outro ponto de vista, mais realista, afirmando que “Seja qual for a razão do retorno após os 60 anos, é importante saber que os profissionais dessa faixa etária têm muito para realizar. E podem contribuir com o crescimento das empresas.

Por outro lado, o mesmo estudo mostra que o desemprego entre os idosos aumentou significativamente, passando de 18,5%, registrados em 2013, para 40,3% em 2018. Muitas vezes, esses números refletem o preconceito contra pessoas da terceira idade. E, apesar do direito de estrebuchar como outras minorias “mimizentas”, nós, idosos, continuamos a viver normalmente, enfrentando todos os desafios que surgem pela frente, nos reinventando a cada dia e criando alternativas para garantir nossa sobrevivência, a despeito de tudo que sofremos.

Os dados do IBGE comprovam que pessoas acima dos 60 anos estão aptas a desempenhar suas funções com responsabilidade e qualidade.

No capítulo 6 do Estatuto do Idoso, criado em 2003, é garantido a essa faixa etária o exercício da atividade profissional, com respeito às condições físicas, intelectuais e psíquicas. E proíbe a discriminação e a fixação de limite máximo de idade (exceto por exigência do cargo). No entanto, na prática, devido à ocupação de cargos de chefia por pessoas jovens, os idosos continuam sendo vistos como ameaças que podem tomar seus lugares. Pelo menos é o que parece. Assim, as oportunidades de trabalho oferecidas para os idosos são, quase sempre, para funções de pouca importância e baixíssima remuneração.

Ocorre que, embora tenhamos uma quantidade enorme de leis vigentes (algumas totalmente arcaicas, como o Código Penal de 1940), muitas delas são ignoradas na prática sem nenhuma forma de fiscalização ou consequência. Os estatutos do idoso e da criança são bons exemplos disso.

É preciso considerar que, muitas vezes, a preservação da saúde física e mental de um idoso decorre de sua participação ativa na sociedade, de preferência com direito à remuneração.

Os desafios

A alteração do cálculo das aposentadorias, em 1999, penalizou sobremaneira as pessoas que contribuíam de forma significativa numa época em que os salários eram bem mais justos que os oferecidos a partir da década de oitenta. Em 1983, meu salário era equivalente a 23 salários mínimos, e hoje sou mais um miserável beneficiário do INSS, aguardando a aprovação da revisão da vida toda, prestes a ser votada novamente no STF. E, ainda que a proposta seja aprovada, não quero me tornar um inútil, tenho vontade de continuar a contribuir. Mas não de graça, claro. E nem tampouco em troca de uma remuneração meramente simbólica.

A grande maioria dos aposentados recebe hoje R$ 1.212,00 por mês, e muitos têm que pagar aluguel, consumo de água e energia elétrica, alimentação, medicamentos de uso contínuo e outras despesas obrigatórias. Não têm direito a um par de sapatos novos, roupas, lazer, livros e outros “luxos” como acesso à internet de alta velocidade, TV por assinatura, viagens (ainda que curtas). Há casos em que nem um celular antigo com o plano mais econômico é possível.

Que tipo de vida essas pessoas podem ter?

O que dizem os jovens empregados

“Quem passa dos quarenta anos tem que pensar em ser palestrante. Os que estão entrando agora no mercado de trabalho também precisam de emprego, e têm mais necessidades que os idosos, pois estão prestes a iniciar suas carreiras, a formar uma família.”

“Se você não alcançou sua independência quando teve chance, agora é tarde.”

A dura realidade e o que é necessário para mudá-la

Para 61% dos participantes com mais de 40 anos em uma pesquisa, encontrar empresas que contratem idosos é o principal desafio. Já para 78%, o mercado de trabalho é desigual e não oferece as mesmas oportunidades. E o preconceito etário nos processos seletivos foi citado por 70,4% dos entrevistados.

“Em geral, a desinformação é uma das causas para o preconceito. Ainda que o fator etário esteja associado à experiência e à sabedoria, na sociedade atual, “velho” é sinônimo de pessoa frágil e sem autonomia.

No ambiente corporativo, a área de Recursos Humanos tem a responsabilidade de combater o preconceito etário ou de qualquer tipo. Essa quebra de paradigma deve ser promovida com atividades educativas em um ambiente respeitoso.

Ainda, os colaboradores devem ser orientados e treinados para conviverem com profissionais seniores. Somente assim, entenderão que um ambiente plural, com diferentes perfis, idades e comportamentos pode ser benéfico para todos.

Garantir a empregabilidade dos trabalhadores mais velhos traz vantagens que somente a maturidade pode oferecer”, diz a publicação da Sólides.

Conselho aos jovens profissionais

Em vez de temer pelas consequências que a contratação de um idoso pode trazer, aproxime-se dele e aprenda mais do que jamais lhe foi ensinado por qualquer universidade. O idoso traz com ele a vivência diversificada, a experiência de erros e acertos, o conhecimento e sua atualização.

Velho é o que se pode descartar. O antigo pode ser reciclado e útil por muito tempo.

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