Pedro de Toledo6 minutos de leitura

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Você já percebeu quantas cidades têm ruas com o nome de Pedro de Toledo? Talvez nunca tenha tido a curiosidade de saber mais profundamente quem foi esse homem. Pois saiba que a história dele chegou ao meu conhecimento porque ele era tio do meu avô.

Seu nome completo era Pedro Manuel de Toledo; nasceu em 29 de junho de 1860, em São Paulo, filho de Manuel Joaquim de Toledo e de Ana Barbosa Toledo. Seu avô paterno, Joaquim Floriano de Toledo, foi secretário particular do Imperador Dom Pedro I, além de deputado geral e vice-presidente da então província de São Paulo, entre 1848 e 1868. Seu tio, Visconde de Ouro Preto foi também deputado geral, senador, ministro da Marinha, ministro da Fazenda, conselheiro de Estado presidente do último Conselho de Ministros do Império em 1889.

Pedro de Toledo iniciou os seus estudos básicos e superior em São Paulo, mas pediu transferência para a Faculdade de Direito de Recife onde lá se diplomou em 1884 (meu avô tinha, então, apenas três anos de idade). Após obter o seu bacharelado em Direito, fixou residência em São José do Além Paraíba, atual cidade de Além Paraíba-MG, onde fundou a seção local do Partido Republicano junto com outras lideranças do partido.

Descrever os feitos de Pedro de Toledo tornaria esta publicação enorme. Eles podem ser encontrados na Wikipedia, caso haja curiosidade de conhecê-los. Aqui vai um resumo:

  • 1885 – Procurador fiscal da Tesouraria de São Paulo por recomendação do Visconde de Ouro Preto;
  • 1889 – Delegado e chefe de Polícia da cidade;
  • 1893 – Comandante interino da Guarda Nacional, nomeado pelo presidente (hoje o cargo é denominado governador) de São Paulo, Bernardino de Campos, foi comissionado coronel, assumindo várias missões. Deslocou-se para a cidade paulista de Faxina (atualmente Itapeva), convertida em praça de guerra;
  • 1895 – Deputado estadual de São Paulo pelo Partido Republicano, fundou o jornal A Nação, em oposição a Prudente de Morais, que liderava outra corrente em seu partido;
  • 1905 – Eleito novamente deputado estadual, por influência de Jorge Tibiriçá; Grão-Mestre do oriente maçônico de São Paulo;
  • 1910 – Reeleito deputado estadual, foi convidado pelo então Presidente Hermes da Fonseca para assumir o Ministério da Agricultura;
  • 1912 (janeiro e fevereiro) – Assumiu interinamente o Ministério da Viação e Obras Públicas substituindo José Joaquim Seabra;
  • 1914 – Embaixador extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil na Itália;
  • 1917 – Embaixador extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil na Espanha;
  • 1919 – Embaixador extraordinário e ministro plenipotenciário do Brasil na Argentina;
  • 1926 – Retornou ao Brasil por ter desagradado o então Presidente da República Artur Bernardes por tratar cordialmente os exilados da Revolução de 1924, na Argentina. Afastou-se da vida pública, voltando a exercer a advocacia;
  • 1932 – Nomeado interventor federal em São Paulo (essa passagem é cheia de acontecimentos políticos envolvendo Getúlio Vargas). Participou do movimento constitucionalista que culminou na Revolução Constitucionalista, como comandante civil do movimento, após a morte de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, e a saída do Presidente da República.
Pedro de Toledo ladeado pelos seus secretários no Governo de São Paulo.
Pedro de Toledo e Ibrahim Nobre discursam ao povo da sacada do Palácio dos Campos Elíseos na noite de 23 de maio de 1932.

Em 10 de julho daquele ano, após a deflagração do levante, Pedro de Toledo renunciou ao cargo de Interventor de São Paulo e logo na sequência foi então aclamado pelo povo Governador de São Paulo, cargo que exerceu até o fim do conflito. Após três meses de combates nos quatro cantos do estado, São Paulo foi derrotado militarmente e Pedro de Toledo foi deposto na tarde de 2 de outubro pelo comandante geral da Força Pública de São Paulo, o coronel Herculano de Carvalho e Silva. Sua deposição foi consumada por uma comissão de oficiais da Força Pública. Alguns dias depois, seguiu preso para o Rio de Janeiro, junto a outros líderes civis e militares do levante. Em 1º de novembro daquele ano foi deportado para Portugal, onde viveu exilado até ser contemplado pela anistia geral, concedida em maio de 1934, ocasião em que retornou ao Brasil, tendo sido recepcionado na sua chegada com amplas homenagens por parte de autoridades e populares.

Paulo Menotti Del Picchia, no seu livro A Revolução Paulista (1932), relata ter ouvido o seguinte pensamento do então Governador do Estado de São Paulo sobre a Revolução Constitucionalista:

Nós que apenas rotulamos, com o nome, este movimento oceânico de um povo, temos a impressão íntima de que somos rolhas boiando em cima de uma corrente. Não conduzimos coisa alguma. Somos conduzidos por uma vontade mais forte e superior. Movimentos sociais desta amplitude têm, por certo, um sentido profundo e fatalístico, que escapa à nossa percepção, por mais aguda que ela seja.

Foi fundador e membro da Academia Paulista de Letras, titular da cadeira nº 39. Era casado com Francisca Barbosa da Gama Cerqueira.

Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.

Pedro de Toledo faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1935 (ano em que meus pais se casaram). Em 9 de julho de 1957, os seus restos mortais foram transladados para o Monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Curiosidade

Francisco de Toledo Duarte
Olga da Gama Duarte

Meu avô, sobrinho de Pedro de Toledo, era casado com Olga da Gama Duarte, cuja família também teve participação importante na história de São Paulo. Era filha do Engº Luiz César do Amaral Gama, que emprestou seu nome a duas ruas da Zona Norte, na Capital paulista: Rua Doutor César e Rua Amaral Gama.

 

Muitos jovens de hoje não sabem sequer o nome completo de seus avós. Triste demais.

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