Minha vida em São José dos Campos18 minutos de leitura

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Minha história com São José dos Campos começou em 1968, quando a visitei pela primeira vez. Eu era um adolescente, e lá estive para visitar minha irmã. Seu marido trabalhava, então, na Embraer.

A história é longa, pois envolve 38 longos anos, mas tentarei resumi-la ao máximo.

Lembro-me de ter atravessado a Praça Afonso Pena, onde havia várias carroças que eram usadas para pequenas mudanças, seguindo depois pela Rua Francisco Paes até a Rua Dr. Ivan de Souza Lopes, onde moravam numa casinha branca. Meu cunhado fez questão de me proporcionar um dia excelente, levou-me para conhecer o Clube Santa Rita (ele gostava de pescar), e até comprou um calção, para o caso de eu querer experimentar a piscina. Aquilo me pareceu uma outra viagem, e nem era longe.

O que vi me encantou, era muito melhor que São Paulo. Naquela época eu morava na Vila Olímpia, onde quando chegamos as ruas ainda não eram calçadas e os postes não tinham lâmpadas. Foi bom enquanto eu era criança, jogávamos bolinhas de gude, nos reuníamos à noite para brincar, mas com o tempo aquilo foi se modificando. Era rota dos aviões que chegavam ao aeroporto de Congonhas.

Bons tempos. As casas não tinham muros altos ou grades como as das prisões e das casas de agora. Mas a cidade já era tumultuada, e seguiu sua tendência se tornando a mais importante do Brasil, pelo menos no aspecto econômico.

Foi em 1973, já casado e pai, que descobri o que eu chamaria de “a melhor oportunidade da minha vida”. Encontrei um anúncio que oferecia a vaga de programador/analista RPG II na Engesa, indicando que seria para trabalhar em São José dos Campos. Como, supostamente fez o general e cônsul romano Júlio César no ano de 47 a.C., eu diria “Veni, vidi, vici”, que em latim significa vim, vi e venci. Eu estava empregado novamente, depois de uma dura experiência como vendedor de um sistema integrado de aprendizagem de idiomas, da Stillitron.

Os primeiros meses se passaram ainda em São Paulo. Em agosto de 1974, a Engesa se mudou para uma das margens da Rodovia Presidente Dutra, e durante um mês experimentei a vida em república, dividindo uma casa com outros quatro marmanjos: Hélio, o japonês maluco, Jorge, o artista capoeirista, Marco Polo e Paulo.

Além do ótimo salário, recebíamos uma ajuda de custo equivalente a um terço do salário registrado. A empresa também oferecia-se como fiadora ou avalista para quem alugasse ou comprasse um imóvel naquela cidade. Foi assim que, aos 22 anos, comprei minha primeira casa e meu primeiro carro, um Fuscão azul. Para reforçar o orçamento, Hélio e eu trazíamos roupas da Ellus e as revendíamos para as colegas.

O crescimento foi rápido, 14 meses depois eu trocaria uma casa térrea de 75 metros quadrados no Jardim Ismênia por um sobrado de 120 metros quadrados no Monte Castelo. E aí eu daria início a uma aventura idiota. Depois de criar o boletim interno “A Tração”, fui convidado pelo jornalista Flávio Nery para assinar a coluna social de seu semanário caçapavense, o que serviu de trampolim para logo ser apresentado ao conceituado diário Agora, de São José dos Campos, onde ganhei uma página inteira.

A despeito da superficialidade e da falsidade das pessoas que me chamavam para todos os eventos porque queriam aparecer no jornal, a experiência me ajudou a perder o medo de me comunicar. E para tornar essa mudança mais efetiva, me arrisquei como professor numa escola de programação e análise de sistemas. Durante cinco anos, dei aulas em Jacareí, São José dos Campos, Taubaté, Lorena, Guaratinguetá e Cruzeiro. Isso aumentava meus rendimentos e permitiu que, com a ajuda de minha esposa (funcionária do Banco do Brasil), trocássemos a casa do Monte Castelo por uma com o dobro de seu tamanho, na Vila Ema. Nessa época eu já fazia parte do quadro da Kodak e recebia um excelente salário.

Conheci muita gente, personalidades de destaque, políticos, pessoal da imprensa escrita, falada e televisiva (hoje classificados genericamente como “mídia”), e percebi a efemeridade de tudo aquilo. Eu conhecia muita gente, mas ninguém me conhecia…

Nesse meio tempo, nasceu minha segunda filha.

Pudemos proporcionar uma boa base escolar e cuidados odontológicos de alto padrão a ambas. Em contrapartida, satisfazíamo-nos com carros usados e roupas baratas, nada de griffes da moda ou viagens de ostentação.

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